--> Me, myself and I...: outubro 2004

terça-feira, outubro 19, 2004


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terça-feira, outubro 12, 2004

Os dias depois...

Para quem não sabe o q vem depois... "Ser ou não ser... eis a questão! Será melhor suportar os sofrimentos e ataques do destino cruel ou lutar contra um mar de problemas e resistindo, pôr-lhes fim? Morrer, dormir... nada mais... e dormindo acabamos com o sofrimento e com os conflitos naturais que são heranças da carne. Que fim melhor poderia ser desejado? Morrer, dormir e talvez sonhar. Esta é a dificuldade, pois nesse sono da morte, os sonhos ao termos nos libertado do tumulo da existência devem nos fazer hesitar. Aí está a reflexão que impõe tão longa vida aos nossos infortúnios. Quem suportaria os ultrajes e desdéns do tempo, o abuso do orgulho, a insolência da autoridade, a lentidão da justiça, a agonia do amor não correspondido quando se poderia encontrar a paz com um simples estilete? Quem gostaria de suportar duras cargas gemendo sob o peso de uma vida fatigante se não fosse o temor de alguma coisa após a morte, região misteriosa de onde nenhum viajante jamais voltou, confundindo nossa vontade e impelindo-nos a suportar nossos males em vez de nos atirarmos a outros? É assim que a consciência nos transforma em covardes e é assim que a cor natural da resolução é coberta pelo tom pálido e enfermo do pensamento e é assim que os projetos de maior alento e importância com tais reflexões desviam seu curso e perdem o momento da ação"

Pedaço de morte...

Morri em eco, desdobrada. Morri como um sem-abrigo no caminho para o meu útero, morri porque o meu corpo decidiu gerar uma vida nova e se enganou. Percebi que a morte abria as comportas do meu sangue, mas só no fim desse rio vermelho percei que levava comigo um filho impossível. A primeira sensação que exprimentei, depois de ter desmaiado de dor, foi um intenso perfume de bébé, um perfume quente e azedo de leite bolçado. O balouço de Deus apanhou-me de repente, num rasgão de luz, e sentado no meu colo estava uma espécie de bébé minúscul, quase só um sorriso de bébé que parecia ter saído directamente do meu ventre para o meu colo. Uma semente, uma pedra, uma coisa quente esvaiando-se de felicidade, arrancando-me a dor. (...)



In, "Fazes-me falta " de Inês Pedrosa


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sábado, outubro 09, 2004

Som

Som que me sobe pelo corpo, som que explode em forma liquida pelos botões cravados nas pontas dos dedos... melodia diluida em pensamento, lembrança de um silêncio fascinante numa madrugada confusa como outras tantas.. Alma incendiada pelo descobrir, pelo conhecer, peito em chamas reflectidas num olhar que, se fosse visto, seria sentido... grito interior que se solta para o mundo.... Estou mais transparente que nunca, temo estar a renascer para.... E não me larga a sensação de querer dar um passo em frente e sentir que andei dois para trás e a lua tem a minha chave....

Raquel


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quinta-feira, outubro 07, 2004


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Noite

Noite, espaço de tempo entre o crepúsculo da tarde e o crepúsculo da manhã, bocado de sentimento, de cheiro... Soma de pensamentos...
Sento-me no colo da lua e fico a observá-la.. Sinto a complexidade da noite escorrer nos meus olhos, a tomar o meu corpo de uma ponta à outra. Imagino outra pessoa senão eu, mas como eu, na mesma noite, numa outra janela, com a mesma lua, com uma outra música. O meu pensamento desabrocha firmemente como uma planta que rebenta de sua raíz... E pensar que não haveriam, tão cedo, campos iluminados de raízes, céus enriquecidos de estrelas, ruas escurecidas pelo mistério, vozes que me ficam na cabeça e me fazem sentir um nó enorme cá dentro...
As coisas tocam-nos mais cá dentro quando não estamos à espera de tal acontecimento, deixa-nos mais sensíveis a ele e, quando damos por nós, já se tornou intrínseco.
Estou a explodir por dentro... Desta vez de uma forma ñão tão negativa mas com um medo à mistura...
Há coisas que não esqueço na noite.. pormenores que me ficam na cabeça e me deixam a pensar, almas diferentes, pensamentos compativéis, olhares perceptiveis.. a própria expressão facial e a maneira como se mexe, serenidade... calma absoluta. Poucas são as imagens, mas são fortes e imbativeis à destruição de dentro de mim.
Quero viver o mundo com aquilo que ele tem de poético, quero partilhar essa poesia com uma pessoa que a consiga sentir tão fortemente quanto eu...





Raquel
7 de Outubro, 2:58

"Pensamentos imperfeitos"

Toma-me.
A tua boca de linho sobre a minha boca Austera.
Toma-me AGORA, ANTES
Antes que a carnadura se desfaça em sangue, antes
Da morte, amor, da minha morte, toma-me
Crava a tua mão, respira meu sopro, deglute
Em cadência minha escura agonia. Tempo do corpo este tempo. Da fome
Do de dentro. Corpo se conhecendo, lento,
Um sol de diamante alimentando o ventre,
O leite da tua carne, a minha
Fugidia.
E sobre nós este tempo futuro urdindo
Urdindo a grande teia. Sobre nós a vida
A vida se derramando. Cíclica. Escorrendo.
Te descobres vivo sob um jogo novo.
Te ordenas. E eu delinqüescida: amor, amor,
Antes do muro, antes da terra, devo
Devo gritar a minha palavra, uma encantada
Ilharga
Na cálida textura de um rochedo. Devo gritar
Digo para mim mesma. Mas ao teu lado me estendo
Imensa
De púrpura. De prata. De delicadeza.

sexta-feira, outubro 01, 2004


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1º dia duma viagem que acaba não sei onde...

Já morreu em mim... Tenho o pressentimento que outra mão vai agarrar a que eu larguei ...Tanto tempo a travar uma luta que ninguém compreende e sentir a derrota desta forma.. Vida insidiosa a minha.. Só me resta parar de andar nesta corda por cima do precipicio... Só me resta cair e enfrentar a dor que tende a elevar-se nas minhas costas. E quando for a altura, levantar-me-ei e enfrentarei a paisagem que tiver pela frente... ou vive-la-ei da forma que me tornará menos sensivel à dor, que me tornará uma criatura mais fria. Quero esquecer a existência do que me rodeia por momentos, quero valorizar a minha existência e enfrenta-la tal como ela é, seja o que for. Não olhem mais para o meu interior, deixarei de ser tranasparente. O opaco vai tomar conta de mim, o espelho, a pedra.. E eu serei aquilo que apenas a natureza quiser de mim, a humanidade... essa.. será secundária. Não quero mais lembrar aquele beijo de olhos, aquele toque de palavras, aquela voz que caminha em suas mãos... Esquecerei as suas veias onde corria um pouco de mim, tornarei puras as minhas... Resta-me viver os dias seguintes...

Diário de uma ressaca amorosa...